Sentado neste lugar, vendo estas luzes, muitas noites se passaram... (Jorge Abrão. Foto tbém do Jorge - da internete)

...e eu também passei e cresci e mudei. Mudei pra permanecer a mesma, cresci e ainda me fascinam essas luzes, essas noites. Tudo parece tão diferente e é tão igual a todas as noites q passei neste lugar, e as noites que passaram por mim e me deixaram e me levaram pra lugares onde eu não queria estar, onde eu não sabia andar. Luzes que me cegaram, brilhos que não gostei. Só a luz dessa cidade é capaz de acender em mim o brilho de aldeia, o conforto de estar em casa. Como é incrível! As coisas não mudam e mudam, tudo ao mesmo tempo...tempo. Onde está o tempo passado, se olhando pra essas luzes eu ainda sou a mesma que sentava na pracinha e esperava o tempo passar, esperava o amor eterno, os amigos chegarem pra falarmos dos mesmos assuntos, sendo que os mesmos assuntos eram sempre tão diferentes e intensos...Fui a muito lugares, conheci muitas praças, visitei muitas igrejas e onde quer que eu fosse gritava em mim a saudade desse brilho que cega e faz ver o quanto a vida pode ser intensa na calma desse lugar. Conheci o que é reflexo de coisas ausentes...e doeu em mim a ausência desse lugar que tento desesperadamente retornar...estou sempre no exílio pedindo a Deus que me mande de volta pra casa.


(ouvindo: Fake Plastic Trees – Radiohead)