Monday, October 30, 2006

Hoje é aniversário de minha mãe. Ela está fazendo 70 anos. Como gostaria de estar lá com ela, apenas ficar ao seu lado, que não gosto dessas manifestações de um dia só. Gostaria de ter passado o dia andando atrás dela, acordando juntas, tomar o café da manhã estendido até quase a hora do almoço, almoçar sua comida deliciosa - ela faz um bife com molho e tomate que ninguém faz igual, sairmos juntas, de braços dados, pra comprar qualquer coisa, voltar com o pão para o café da tarde, molhar as plantas, sentir juntas o frescor do quintal. Minha mãe gosta muito de quintal cheio de plantas, nada projetado, não chega sequer a ser um jardim. São plantas de que ela gosta, que faz bem à saúde, temperinhos, pimentas, e como é bom o final da tarde qdo ela molha esse plantinhas e os cachorros pisam na lama e sujam toda a casa... sempre estivemos juntas, eu, ela e os cachorros. Passamos momentos ruins, escondidas com medo da morte, da violência, ela me protegendo, naõ querendo dizer a verdade sobre a violência a que estava exposta, jamais falando mal do agressor para mim. Ela jamais me influenciou negativamente com ele. Estivemos sempre juntas. Dormimos muitas noites, quer dizer, eu dormi, pois talvez ela não tivesse a paz necessária para o sono, trancadas. Já corremos muito, sem ter pra onde ir... E ela sempre altiva, elegante, bonita. Como ela é bonita e como sempre foi . E triste. Sempre contando histórias tristes, de uma infância sofrida, rejeitada, de uma adolescência abandonada num momento que ela mais precisava, do pré-conceito sofrido pela própria família, do casamento... Da falta de amor, de compreensão, de carinho, e ela, sempre linda. Sempre forte (queria ser forte assim). Quantas vezes foi ela quem nos alimentou sem saber de onde tirar o alimento, quantas cicratizes teve que ignorar em seu coração, quantas vezes caiu emocionalmente mas não podia evitar a caminhada, e eu? Eu sempre ao lado dela. É verdade que na adolescência tivemos alguns problemas, acho que mais coisa de hormônio que de convívio, mas sempre gostei de ficar com ela, estar ao lado dela. Quando criança meu maior medo era o dela morrer, e passei bem perto disso, qdo por um momento ela não aguentou e quis desistir, como tenho medo até de lembrar desse dia, as pessoas na minha casa, minha mãe no quarto, ninguém me dizia nada. Lembro da sensação de abandono, da pequenez, da escuridão da casa. Já não sinto mais tanto medo. Já não estou só, tenho também quem me siga, e agora tenho a certeza que nosso encontro é eterno, estaremos sempre juntas, mesmo que só em pensamento, em energia. E ela? ela não desistiu, até hoje, qdo o corpo já não suporta mais a energia que brota do coração, ela não desisti e luta. É verdade que a luta agora é interna, é contra o tempo. Talvez a luta seja inútil, mas ela não conhece outro jeito de levar a vida, ela teve que lutar sempre, é guerreira e essa gente não pára nunca.

Agradeço a Deus a possibilidade de ter vivido com ela, não sei se a escolhi como mãe, mas se pudesse o faria mil vezes.

Friday, October 27, 2006

AINDA TEXTOS ANTIGOS
28/04/04 22:47
Hoje eu estive lembrando de nosso pai. Sim, nosso. Lembrei-me qie quando ele morreu a casa ficou escura (isso sempre acontecia comigo. A lembrança fica escurecida, como qdo o sol vai se pondo e a gente não ascende a lâmpada) e um dia você com pouco mais de dois anos perguntou para mamãe quem iria compra melancia para você. Era o que ele fazia qdo passava um daqueles caminhões, que só existem em pequenas cidades, vendendo melancia. Lembro-me que ele pegava você pela mão e ia atrás para fazer a compra que vc queria. Segundo recentes informações ele sabia que você não era filha biológica dele. Hoje, pensando nele, e sobre ele não consigo ter muitas lembranças de atitudes carinhosas dele. Isso me incomodava na época, mas hoje sei que ele não sabia demonstrar amor. Não estou afirmando que nos amava, mas perdi a certeza do contrário. E se era verdae que ele sabia que você nã carregava seus gens, ele então se tornou um nobre. Ele não só não recusou ser seu pai, como a aceitou com carinho que ele nem saba bem demonstrar. Isso eu lembro bem: um velho, já decadente, levando pela mão uma criança para comprar melancia. O passado e o futuro entrelaçados pelas mãos. Isso dá a você, ou melhor obriga você a respeitar sua memória. Ele É seu pai.
Existem alguns direitos que não podemos abrir mão. Após a tentativa, frustrada por sinal, descobri a força de perder alguns direitos.Luto pelo direito (tenho que repetir várias vezes essa palavra?) de chorar, de me emocionar, de sentir as emoções que me tocam, sorrir, na verdade ter crises de riso escandaloso. Não quero, não vou mais me dopar, calar a possibilidade de ter sentimentos, todos, ainda que com isso eu sacrifique as pessoas que mais amo quando chegar a progesterona. Não posso mais apagar minha personalidade. NÃO quero mais. Preciso emocionar-me, chorar com filmes, novelas, músicas... Preciso sentir o vento na face e perceber a ternura de Deus, a possibilidade da vida. Quero sofrer de saudade, de remorço, ficar triste, alegre, parar de sentir medo de ter medo. Quero a emoção do arrependimento, do pedido de perdão pelo erro cometido, do olhar de cachorro que latiu com o dono. Peço desculpas à minha família, não posso fingir que não sou eu, tenho que ser eu, inteira, intensa...intolerante, impaciente, nervosa, com muitos, muitos defeitos, mas preciso tentar livrar-me deles e pra isso tenho que vivê-los, não posso mais jogá-los pra debaixo do tapete, que aliás está cheio de sujeira.Se não vivenciar meus defeitos agora como poderei evoluir? O que apresentarei a Deus? Fugas, tentativas de negar-me? Tenho que praticar a dádiva de ser EU, única, inteira, evoluindo sim, mas sendo eu, sempre...

Friday, October 13, 2006

AINDA TEXTOS ANTIGOS:


14/08/05

Hoje é dia dos pais...tudo que consigo sentir é nada... não consegui me lembrar de nenhum momento com meu pai embora agora enquanto escrevo me lembrei de quando ele comprou para mim a cadeirinha rosa, que ainda hoje tenho... foi uma compra fantástica, lembro até hoje do que senti... senti-me importante, era como se naquele momento ele tivesse me visto... meu pai era muito distante de tudo, nunca pude perceber o porquê... qdo tinha uns 11 ou 12 anos ouvi comentários de que eu não seria filha dele, mas não tive coragem de perguntar a ninguém, na verdade não falei com ninguém sobre isso até uns 3 anos atrás (isso já são uns 20 anos depois)... na verdade aí sim eu tinha “descoberto” o provável motivo para sua ausência... eu tinha muita vergonha e ainda tenho, pois eu sabia que todos os meus colegas comentavam isso, mas eu não tive coragem de falar com ninguém... qta bobagem! Teria sido mais fácil lidar com esse problema, mas eu não tive coragem e até hoje eu não sei se sou ou não filha biológica dele, não faz mais diferença... o fato é que foi ele o pai que conheci... nem sei se estou chorando por tristeza ou por saudade de um pai que eu não tive e de uma filha que eu não fui... sempre conto esta história para meu filho que no último dia dos pais que eu passei com ele ainda vivo eu fiquei o dia todo tentando dar um abraço nele e não pude, eu não consegui intimidade o suficiente para dar-lhe um abraço sem que ninguém tivesse mandado, eu tinha então 11 anos, durante muito tempo eu tive culpas por não ter conseguido, só depois eu percebi que não tinha motivos para sentir culpas, nós dois erramos, e por enquanto, quer dizer nessa encarnação, não dava mais para desfazer o erro...não é verdade que não me lembro de nada, mais uma vez está vindo em minha memória as coisas que ele fez por todos nós... ele era um homem bom, na nossa casa todas as pessoas eram recebidas com o mesmo respeito, qdo ele ainda era importante por ser delegado, ele recebia pessoas tbém importantes, governadores, prefeitos, professores (sim naquela época prof. eram importante) e do mesmo jeito ele recebia ciganos pobres, muito pobres, mendigos, gente com problemas mentais e todos não saíam lá de casa sem antes tomar um café (que ás vezes era requentado por mim de tanta preguiça)...essa foi a lição: que todos as pessoas são iguais... e isso eu aprendi vendo como meu pai e minha mãe tratavam as pessoas que freqüentavam nossa casa...aprendi tbém a partilhar: qdo era época da festa do Rosário ( a mais importante festa da nossa região) tinha muitas barracas de coisas que geralmente, pelo menos naquela época, não tinham na cidade e a coisa mais esperada era o sorvete... sem dúvida alguma era o sorvete mais gostoso do mundo... é um suporte com vidros dos dois lados com líquidos coloridos informando o sabor, coca-cola, grosélia, morango, uva e tantos outros, não era caro mas tbém não era barato e meu pai juntava um monte de meninos e dava sorvetes para todos e para mim ele comprava no copo o que significa mais sorvete do que o normal... não posso nunca me esquecer disso... tinha um garoto que todas as vezes que via meu pai ir para a festa ia atrás na esperança de ganhar sorvete...lembro da menina pequena, ele a pegava pela mão e ia atrás do caminhão que vendia melancia... se eu pudesse pintar, pintaria um velho, bem velho, segurando uma garotinha pela mão... e ele sabia que ela não era filha dele, pelo menos foi o que me disseram... hoje fico pensando que talvez ele tbem sentisse solidão, mas não conseguia se expressar, talvez se fosse hoje teríamos tratado dele com depressão e ele não teria se isolado tanto de todos e da família principalmente... quase que tem aqui todo a minha história com meu pai... o resto são memórias construídas por outros, de ouvir contar... não é verdade que não sinto nada. Sinto saudades dele, sinto o cheiro dele, sinto vontade de um dia voltar a vê-lo e falarmos coisas que nunca nos dissemos. A bênção, pai, fique com Deus...

Wednesday, October 11, 2006

TEXTOS ANTIGOS
04/07/03

Duas datas importantes. Uma importante para uma nação importante num mundo nem tão importante assim. Outra para uma pessoa nem tão importante assim num mundo que tenta se impor importante. Independência americana e niver do Pluto.

Pluto. O cão mais lindo e importante do mundo. O animal da raça canina que me tocou e me fez aprender uma forma de amor. Muito do amor que sei aprendi com os animais e em especial com Pluto. Para ele não importa quanto tempo eu passe fora, se volto gorda, velha, solitária, sem conquistas. Ele sempre me receberá com o mesmo carinho, com o mesmo amor, a mesma receptividade, a mesma alegria. Serei sempre aceita. De qualquer jeito, de qualquer modo. Queria saber amar assim. Sem querer nada em troca. Perdoando sempre. Esperando sempre. Aproveitando todas as oportunidades de ser feliz, sempre. Com ele aprendi que nós os, animais humanos, não sabemos amar. Nunca saberemos.

Sinto saudades de seus olhos, sua alegria, sua insistência em querer passear. Falta de seus latidos altos, ‘chatos’. Um vazio de sua presença. Sinto falta de sua companhia, exagerada as vezes. Nossos passeios... Sinto falta de mim... Sim, ter saudade de algo ou alguém é na verdade sentir falta de nós mesmos naquela ocasião. Estou chorando. Talvez as pessoas, humanas, não compreendam o que é ter saudade de uma pessoa, canina, por não saber o que é ser amado de verdade. As pessoas, as humanas, têm medo do amor. E um cão quando ama, o faz de verdade...

Criei uma nova seita religiosa. Ainda não tem templo nem regras, mas nessa seita os animais serão mais importantes que os homens. Serão a última criação. No momento em que deus estiver usando todo o seu potencial de pureza. Talvez o cão tenha sido feito à imagem e semelhança de deus. Esse novo deus será sempre paciente e piedoso com os humanos, criaturas feitas por ele, mas que na ambição de tomar o poder, quedou-se do paraíso. Mas esse novo deus terá para sempre a misericórdia dos cães. A misericórdia dos cães que são maltratados e que ainda assim não abandonam seus donos crueis. A esperança dos cães que são abandonados e continuam esperando e procurando por seus ‘humanos’. Esse novo deus não criará o inferno. Ele não gosta do conceito da pena eterna. Não, para ele o perdão será sempre mais importante que o castigo. Como os cães. Pode ser que pareça bravo as vezes. É que ele não será jamais falso. Ele sempre demonstrará seus verdadeiros sentimentos. Talvez o Bartô (um cão vira- latas, grande e amarelo, que ficou 2 anos numa casa sozinho, sendo tratado pela bondade dos vizinhos enquanto seus donos não podiam ir busca-lo, o que foi feito depois.) seja um grande santo dessa nova religião. À ele deverá ser enviada as preces daqueles que estão desesperançados, e ele prontamente atenderá e colocará no coração dos que pedirem o conforto da esperança e a certeza do reencontro. É isso, uma religião sem muitas regras. Só a lealdade e a alegria da vida. A celebração da vida será feita em todos os momentos. Não teremos messias crucificados. Não teremos purgatórios. Seremos todos redimidos pela misericórdia canina... Parei de chorar, fui confortada por esse novo deus e a certeza de um reencontro com o aniversariante de hoje.

Thursday, October 05, 2006

Aproveitando que "tô" afim de escrever:

O Pluto: quem me conhece sabe quem é ele, quem não me conhece deconfiará. Muito do que sei sobre o amor, aprendi com ele, parece estranho, e talvez seja mesmo, mas é verdade. ELE sabe amar, e mais, sabe ensinar a amar. Eu sei que já foi dito por zilhões de pessoas que o amor deles é incondicional, mas uma coisa é saber outra é sentir esse amor. E sentir com o coração já preparado para ler as mensagens desse amor, pois a vida toda somos tocados por ele, mas nem sempre estamos preparados para vê-lo.

Eu mesmo já carreguei um saco de culpas, pois qdo o Pluto chegou eu já era mãe, esposa, filha, essas coisas que a gente tem que ser e é, então seria óbvio que eu já lesse na cartilha do amor. Ledo engano, o amor tem mistérios, tem etapas a serem aprendidas e compreendidas que não percebemos só porque temos que ser alguém ou alguma coisa. Não, o amor é mais exigente. É autoritário, quer exclusividade no apredizado, e era aí que a coisa não "pegava". Não era uma aluna aplicada, sempre com o egoísmo que herdei de minha raça. Então chegou o Pluto, que primeiramente adotou meu filho como companheiro inseparável. E eu na fase de madrasta o via sempre mais alegre na companhia daquele ser que não se importava se ele era o menino mais educado, mais inteligente, se chigava, dizia palavrão, gritava... Não, o que ele queria era brincar e ser feliz, só isso. Os sorrisos eram constantes, e a canseira tbém, ás vezes ele, o Pluto, não conseguia acompanhar o ritmo ditado pelo menino, mas ele sempre estava à disposição para uma nova brincadeira, um novo passeio.

Não sei exatamente qdo fui também adotada por ele, mas sei que me atingiu com seu amor. E me fez lembrar de todos àqueles a quem eu já amei: a Babi, a Guita, o Bartô, a Aninha, a Marruá. Foi como se renascesse em mim a capacidade de amar, sem me importar com o objeto a ser amado. Lembrei-me que a semente desse amor só estava adormecida em meu coração. E passei a observá-lo. Nunca, jamais, estava magoado, com raiva. Recusar passeio, diversão, nem pensar! Poderia ter passado o dia todo correndo com meu filho que sempre guardava umas energias pros nossos passeios. E como ele curtia, como se divertia, correndo atrás de outros bichos (às vezes fazendo o que não devia), indo mais à frente e voltando, como a me chamar e dizer: vem, corra também! Se tinha que ficar preso, reclamava e qdo via que não ia adiantar aceitava sem tragédias e aproveitava pra meditar. Comer, só o nescessário. Banho, só obrigatório...

E a dedicação ao companheiro que o adotou, o Bandite. Era impressionante vê-los juntos. Um velho, já bem velho mesmo, e um adolescente. E o Bandite, ranzinza, não deixava passar sem dar broncas nas suas asneiras, como eram amigos...

Com o passar do tempo, a distância, o abandono a que fui obrigada a fazer, vi que o amor dele é maior do que jamais poderei sentir. Pra ele não interessa como vou voltar, se mais gorda, mais rica, se de carro ou de ônibus, se bem ou com depressão. Pra ele não faz importância. O que importa é o fato de ter chegado, de estar ao seu lado. E como me sinto amada, aconchegada, amparada por esse ser que me olha com uma dediação que eu jamais saberei retribuir. Como é bom ter passado pela vida e ter tido a chace de experimentar, e enxergar, o amor no olhar de um caõ.

Obrigada, Pluto.
Lembei o que me incomodava. Uma vez li, não se de quem, acho que do Ruben Alves, que qdo uma idéia o atingia ele não se aquietava enquanto não a escrevesse. Parece que é verdade. Fico incomodada com alguns pensamentos que me pegam e preciso exorcisá-los, livrar-me deles. Agora estou com vários. Bom vou pela ordem, não sei de quê, mas pela ordem:

Ontem era dia de compras. Abastecimento de despensa, embora eu não a tenha, fiquei com o costume. Lenvantei-me cedo e fui ter com o Supermercado. Fui à pé, que gosto muito de caminhar, qdo já estava quase chegando, passei pelos fundos de uma igreja Católica onde estava sendo distribuída cestas básicas. Fiz questão de passar perto das pessoas...

Uma pequena explicação: gosto de andar no meio de gente, lugares cheios, pessoas das mais variadas "espécies". Gosto de ouvir pequenos trechos de conversas, sentir o cheiro, olhar no olho. Não sei porque gosto disso, mas gosto, e sempre que posso faço isso.

...Eram pessoas aparentando pobreza, velhos com expressão envergonhada, mulheres mal vestidas, roupas puídas, chinelos de dedo, já gastos. Passei devagar, procurando um olhar, e achei. Uma senhora, segurando firmimente seu saco de mantimentos olhou-me e sorriu, retribuí o sorriso com um cumprimento de cabeça e atravessei a rua. Sentia-me envergonhada de entrar no Supermercado, olhei disfarçadamente pra trás e vi que ela me seguia com o olhar...

Outro parágrafo: na verdade o pensamento que me acompanhava era o de um comentário de um conhecido dizendo sobre as maravilhas do american live...

...bom, tinha que ir às compras, e fui, e o olhar daquela mulher, que poderia ser minha mãe, poderia ser EU, me acompanhou. Não conseguia perder a vergonha de estar ali escolhendo o que quisesse, o que gostasse, as melhores marcas, as mais gostosas, podendo até me preocupar em escolher alimentos saudáveis, num ambiente climatizado, enquanto ela estava ao sol, segurando um saco pesado de coisas que ela não escolhera, não podendo sequer ocultar a humilhação de ter que contar com essa ajuda. Não conseguia ver onde estava o que nos diferenciava, em qual escala da evolução eu estive acima daquela mulher, daqueles seres. Não sabia, como ainda ñão sei o que me fez tão diferente, tão distante daquela realidade. Não consegui sequer agradecer à Deus a possibilidade de estar do outro lado da rua, pois me envergonhava admitir à Deus que EU era diferente daquela mulher. Me envergonhava saber que uma simples rua de uma mesma cidade poderia me separar de alguém a quem eu olhava e via um semelhante...
Esqueci da minha promessa de manter o hábito de escrever. Bom lembrei-me agora.

Hoje, dia normal, briga com a balança, de novo. Tentativa de ficar sem o remédio, de novo...

...

Estou ouvindo Ravi Shankar, um músico indiano, que há muito queria houvir músicas dele. Descubro essas coisas em canais de tv educativa. Dá pra saber de muita coisa bacana. A música é ótima...

...

É não sai nada.