Tuesday, November 06, 2007

Parece que mudo bem pouco...achei esse texto véio:

21/05/04
O que deixarei guardado neste planeta além do material orgânico que carrego com meu espírito? Filhos? Não são meus, apenas fui instrumento da mão Divina para lançá-los ao mundo. Pensamentos? Dissolverão-se com o tempo pois que não são totalmente meus, são apenas agrupamentos, fragmentos de sons, ou letras, ou palavras que acumulei durante o tempo vivido. Vida. O que é a vida? Nem mesmo sei se estou viva. Como saber se é vida o que habita em mim? Como ter certeza que a vida que está em mim, pertence mesmo a esta alma: em qual ponto do ser sou eu mesma e não pedaços soltos de outros seres? Como desvendar o segredo da existência se não posso saber se SOU? Em que local ficou o ser que deveria habitar em mim? Como sentir vazio de vida, se a vida pulsa em mim? Se o ar teima em rasgar a resistência do corpo e inflar o meu peito?
A que espécie pertenço eu? Pelas características físicas, biológicas enfim dizem ser eu da espécie dominante do planeta. Por que então me sinto tão desconfortável perto dos ‘meus’? Em que ponto do universo estão meus semelhantes? Por que me perdi deles? Haverá um reencontro? Quando? ...


11/06/04
Ouvi dizer que saudade é uma benção, pois só sente saudades quem já teve algo ou alguém por quem sentir falta, portanto não se pode ficar triste ao senti-la, mas o que fazer com a dor que acompanha a saudade, o medo de não estar novamente perto das pessoas e dos bichos, dos lugares, do céu, do cheiro, dos foguetes anunciando a procissão, da coroação, das crianças cantando “Ave Maria”? Onde colocar a vontade de sair correndo ao encontro de tudo isso? Como impedir que os pés me levem até onde quero estar? Como não sentir a ausência do olhar do cão, meu amigo, dos passeios, das corridas quando escapa da coleira? Como não ter saudade-tristeza da pracinha onde posso estar despreocupadamente sendo eu mesma sem medo de errar? Como não querer estar na casa de minha mãe sentada à mesa filosofando questões profundas ao café da manhã que geralmente se estenda até à hora do almoço? Como não ter medo de perder a mocidade, como perdi a infância, de meus sobrinhos tão queridos que estão crescendo e eu não estou lá para ver? Onde colocar a falta do Thiago (meu companheiro), Herculano (o mais divertido), Lília (a doida), Marcela (a pequena), Samanta (minha amiga). Como sentir saudades e não querer chorar?
06/11/07
Procuro em mim sem saber o quê achar...sem q falta algo...o coração dói e muito...dor física embora os médicos teimem em dizer q coração não dói. O meu dói e dói muito, dói sempre...já devia ter me acostumado à dor..não me acostumo...queria sorrir o riso estridente q já fui capaz de sorrir no passado...perdi a certeza da minha grandeza de sentimentos...fui confrontada com uma parte de mim q não gosto...detesto ter sentimentos comuns mas agora os tenho...sempre os tive...não sei o q fazer com eles...queria poder simplesmente não existir...queria ser a rocha q vejo da minha janela...não por ser forte mas por ser rocha e nada mais...não quero mais continuar a viver...quero o direito de deixar de existir...